Qual a relação entre o Café e os Elefantes Tailandeses?

No finalzinho do ano passado, na viagem que fiz à Tailândia, experimentei o Black Ivory Coffee, bebida que trouxe para os Cursos de Barista.

Encontrada em estabelecimentos de luxo (logo entenderão o porquê), possui produção diferenciada, disponibilidade limitada e preço alto, sendo quase uma aventura o que vivi para bebê-lo. 

Café e Elefantes?

Isso mesmo. O Black Ivory é um café extraído das fezes do elefante. Existem outros tipos de café que passam por esse mesmo processo, só que feito por outros animais.

Arte by Jonbaku

Por exemplo, o Kopi Luwak (feito das fezes do civeta, mamífero localizado em Bali, Indonésia), que experimentei quando estive na Ilha de Java para esse propósito. Eu tenho esse café também no meu Curso de Barista, em duas versões: em pó e em grãos.

O Café Jacu ou Jacu Bird (produzido no Brasil, também de fezes, só que do pássaro Jacu), não tenho para degustação em sala de aula, mas já provei. Em outra oportunidade postarei artigos separados sobre cada um.

O Café Jacu ou Jacu Bird como é conhecido fora do Brasil.

Voltando ao Black Ivory Coffee, suas plantações em Chiang Rai, província ao norte da Tailândia, ficam em terras localizadas a 1500 metros de altitudeNo momento da colheita, são selecionados e levados para a aldeia rural onde moram os cuidadores dos elefantes.

Eles preparam o alimento do animal, misturando os frutos com seus alimentos preferidos (arroz, banana e tamarindo, como exemplos). Sim, cada elefante tem a alimentação que mais gosta, como os humanos.

Apesar da alimentação farta, eles são mantidos presos…

Após a ingestão do banquete, a sua digestão (que varia de 01 a 03 dias) e a eliminação dos dejetos pelos elefantes, os frutos do café são escolhidos pelos cuidadores; lavados e secados manualmente por alunos de escolas locais, passando por duas exposições ao sol para a sua secagem, permanecendo com certa umidade. Logo após, são descascados, separados e escolhidos os grãos maiores, imediatamente torrados.

A bebida é preparada em uma máquina de sifão, de origem francesa, feita no século XIX. Localizadas em hotéis de luxo, elas permitem a visualização do processamento do café no momento do seu preparo direto para a xícara.

Essa é a forma de extração do Black Ivory Coffee – Photo: Luxury Travel Magazine

Black Ivory Coffee: Raro e Caro

Tive a informação através da internet, de que somente 03 lugares na Tailândia teriam o café. No final das contas, encontrei em apenas um deles (owww sorte!)  no Hyatt Hotel e tinham somente 3 pacotinhos disponíveis de 35 gramas cada.

O fabuloso Hyatt Hotel em Bangkok.

Eu não poderia perder a minha viagem e a oportunidade de experimentar essa preciosidade, afinal o foco dessa viagem era experimentar o bendito Café!  Precisei convencer o gerente por telefone, a reserva-los até o dia seguinte e assim foi feito!

Quando cheguei ao local, já tinha um Staff me esperando para preparar e servir a bebida, naquele ambiente lindo, perfeito, preparado especialmente para as pessoas serem felizes.

Degustando o Black Ivory Coffee com Mamy

Voltando à terra….o fato do café não ser tão disponível assim: para fazer 01 kg do produto, são necessários 33 kg do fruto do café cru, o que equivale a cerca de 8.800 unidades.

A questão é que a maior parte dos frutinhos acaba se perdendo por dois motivos:
Mastigação do elefante; e
Perda no mato e no rio após a excreção.

E também esclarece o porquê do seu preço, tendo o título de “um dos cafés mais caros do mundo”: 35 gramas custaram o equivalente a ¥4,800 (moeda japonesa)  ou R$166,00! Caríssimo!

Sabores e Gostos

O sabor do Black Ivory Coffee é influenciado pelas enzimas digestivas dos elefantes. Por meio da fermentação, decompõem as proteínas do café, o que dá o seu toque especial – a suavidade e a redução do amargor característico da bebida. Remete a ervas e chocolate, além da pouca acidez.

Sinceramente, provei e não gostei. Não gosto de bebidas e comidas exóticas e sou contra a exploração de animaisFui movida pela curiosidade e como profissional temos que estar antenados com tudo que é relacionado ao nosso meio.

Tenho a sua preparação como conteúdo das minhas aulas e devo passar aos meus alunos a importância de se permitir a experimentar novos sabores e aromas.

Isso fará a diferença, mas ainda prefiro no meu dia a dia, bons Blends, mesmo que preparados de formas diferentes conforme a característica de cada grão. Essa é a minha opinião, cada um tem a sua e eu respeito também quem não vive sem um Black Ivory Coffee ou um Kopi Luwak 😉😄

 

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